Entre os diversos novos materiais de construção em desenvolvimento em todo o mundo, o bioconcreto, também conhecido como concreto bio receptivo, se destaca entre os mais promissores. Com forte apelo sustentável e potencial para absorver gases do efeito estufa, a solução vem sendo objeto de estudos em diferentes universidades europeias nos últimos anos.
O que há de inovador no produto é que o próprio concreto permite o crescimento de líquens, musgos e algas em sua superfície, diferente do que acontece com as paredes e muros verdes tradicionais que exigem a inserção de uma estrutura de apoio para receber as plantas.
Como o bioconcreto funciona?
Desenvolvido inicialmente na Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, o concreto bio receptivo utiliza um núcleo estrutural de concreto convencional. Sobre ele é introduzida uma camada do concreto biológico produzido a partir de dois tipos de cimento: cimento portland modificado para atingir pH 8 e cimento de fosfato de magnésio. Essa composição viabiliza o desenvolvimento de fungos e briófitas. Por fim, há uma camada externa que funciona como impermeabilizante e isolante térmico, em simbiose com os organismos vivos.
Características como porosidade e retenção de água criam condições propícias para que musgos e outras espécies prosperem nessas superfícies verticais.
Fachadas orgânicas
Um painel produzido com concreto biológico consegue se comportar como um suporte biológico natural para o crescimento e desenvolvimento de organismos vivos. A ideia é fazer com que as fachadas produzidas com esse material funcionem como pinturas vivas, com variações de tons que vão do verde ao vermelho, de acordo com a estação do ano.
Por não ter propriedades estruturais, a principal aplicação do concreto bio receptivo é na produção de painéis de fachada pré-fabricados. Nessas situações, além de absorver CO₂, as superfícies com fungos e musgos são capazes de captar a radiação solar, ajudando a regular a condutividade térmica e a melhorar o conforto dos usuários dentro da edificação.
Mais saúde e bem-estar
Na Holanda, a Respyre vem trabalhando nesse cruzamento entre a ciência dos materiais e a biologia. Segundo os pesquisadores da startup incubada na Universidade de Delft, qualquer superfície coberta por musgos, independente de seu tamanho, pode se transformar em um sistema respiratório autônomo e natural para as cidades tão carentes de verde.
Resgatar elementos naturais nas áreas urbanas é uma das estratégias mais elementares para minimizar os problemas relacionados às mudanças climáticas. Com soluções como o concreto bio receptivo, ampliam-se as oportunidades para integrar o verde ao ambiente construído e explorar as possibilidades da natureza para retenção de água, captação de poluentes do ar e resfriamento, tornando as cidades mais resilientes e sustentáveis.
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